"Nunca é tarde para uma revolução de amor."
Patch Adams
Quebrar paradigmas, ou até mesmo
enfrentá-los não é tarefa das mais fáceis, levando em conta que muitos
desses modelos são produtos de séculos de experiência. Diante disso, são
poucos os que se dispõem a enfrentar esse desafio. No filme Patch Adams – O Amor é Contagioso,
dirigido por Tom Shadyac, temos um grande exemplo de um homem em busca
de “mudanças”. Esse homem é Patch Adams, interpretado pelo ator Robin
Williams – que acredita ser a risada a chave para a melhoria da
qualidade de vida.
De início, Patch Adams é apresentado como
interno de uma clínica, após uma tentativa de suicídio. Em sua estadia
nessa clínica, ele percebe que quase nada é feito para restaurar os
pacientes, o que o deixa intrigado. Um dia, de forma hilária, nosso
protagonista consegue ajudar o seu companheiro de quarto a enfrentar um
de seus medos. Ao auxiliá-lo, ele percebe que se sente bem ajudando as
pessoas e resolve deixar o hospício para tornar-se um médico.
Ao conseguir ingressar no curso de
Medicina, Patch percebe que a mesma frieza relacional existente no
sanatório é encontrada na faculdade, e que os pacientes são tratados
como “coisas” e não como seres humanos. Toda e qualquer relação entre
médico/paciente é vista com desdém. Percebendo isso, ele decide
tornar-se um médico humanista. Seu intuito principal vai ser o de
melhorar a qualidade de vida dos seus pacientes, através de boas
risadas. Contudo, devido aos seus procedimentos nada convencionais, o
personagem central vai ter que suportar duras críticas de seus colegas
universitários, além de ter que enfrentar o inflexível reitor da
universidade.

No desenrolar do filme, acompanhamos os
desenlaces e conflitos do personagem principal em busca de seus ideais, e
percebemos o quanto ele lutou para conquistar seu reconhecimento e
respeito. O fato da história ser baseada em fatos reais faz com que
despertemos mais interesse ainda em Patch. Não há como não dar risadas e
se contagiar com a alegria do personagem.
Como se já não bastasse tantos
empecilhos, Patch ainda se encanta por uma de suas colegas de faculdade,
Carin Fisher (Monica Potter). Fisher é uma das poucas mulheres que
existem na faculdade, e acredita que as “tolices” de Patch só irão
atrapalhar que ela seja uma médica de renome.
Em uma entrevista
à Revista Veja, Patch Adams foi questionado sobre o que tinha achado da
adaptação de sua vida para o cinema. A resposta dele foi a seguinte: “eu gostei do filme, mas achei que poderia ter tido mais emoção, ter sido menos morno”.
Apesar da frase do médico, acredito que o filme pode ter faltado
qualquer coisa, menos emoção. Principalmente da metade do filme em
diante, onde uma desesperança e descrença toma conta do personagem, que
apesar de permanecer forte na maior parte do filme, também tem seus
momentos de revolta com o ser humano.
Quando estava assistindo ao filme, não
pude deixar de perceber a influência dos métodos de Patch pelo mundo.
Aqui no Brasil, por exemplo, temos os Doutores da Alegria, uma ONG que
utiliza a figura do palhaço brincando de ser médico, despertando a
alegria e o lado saudável das crianças. Seguindo ao pé da letra aquilo
que Patch Adams defendia.
Patch Adams já fez algumas visitas aqui
no Brasil, sempre carregado de bom humor e discursos animadores. Além de
dar palestras sobre como deve ser uma relação saudável entre médico e
paciente, ele é um defensor da paz, da ecologia e do ensino de amor nas
escolas.
O filme em destaque recebeu uma indicação
ao Oscar, como Melhor Trilha Sonora de Comédia ou Musical. Recebeu
também duas indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme em Comédia/Musical
e Melhor Ator em Comédia/Musical (Robin Williams).
O longa foi inspirado no livro “Gesundheit: Good Health is a Laughter Matter”, escrito pelo próprio Patch Adams e por Maureen Mylander. Patch Adams também é autor de outro livro, intitulado “House Calls: how we can heal the world a visit at time”,
consagrado como um guia a todos aqueles que se inspiram na filosofia
humanista, seja em hospitais, prisões, abrigos, no convívio familiar, ou
até mesmo nas relações trabalhistas.
A história de Patch Adams é cativante e
emocionante. Ser agente de transformação e ser movido por sentimentos
altruístas e humanitários são as características que tornam a figura
principal desse filme tão inspiradora. Essas qualidades deveriam ser
indispensáveis a todos. Cuidar do próximo é uma das grandes lições que
Patch Adams nos ensina. Mas ele vai além, e nos mostra que a risada não é
só o melhor remédio, como também é a “graxa” que lubrifica as relações
de amizade.