Estava assistindo um documentário sobre a vida de Michael Jackson e fiquei analisando o que ele fez para chegar onde chegou. Você leu sobre a vida da Gisele Bündchen algumas semanas atrás, e viu que ser top não é fácil. E ser rei então, como será?
Quem conhece um pouquinho da vida de Michael Jackson sabe que nada foi fácil. Um pai autoritário e, por vezes, violento, inúmeros complexos e o fardo de ser arrimo de família mesmo sendo o mais novo. Os Jackson eram cinco, mas Michael, ou simplesmente MJ, certamente era o número 1. Ele se destacava tanto que já não podia ser apenas um dos Jackson Five e a carreira solo foi um sucesso.
Seus irmãos passaram a viver ao redor dele, como coadjuvantes, acompanhando, pouco a pouco, o fenômeno que ele se tornava. Mas, apesar de ter vendido milhões de discos, ele não estava satisfeito. Um pouco antes do álbum “Thriller” ser lançado, um de seus irmãos contou que Michael escreveu, com batom, no espelho do camarim: “Vou vender 30 milhões de álbuns” (se referindo ao Thriller). Todos os dias ele olhava para o espelho, lia a frase e trabalhava para isso. Atente para o detalhe: trabalhava para isso.
Se você pensa que ele nasceu artista, uma de suas produtoras afirma que não:
Tudo no Michael parecia inato, mas não era, ele ensaiava sem parar até ficar natural, até parecer que fazia aquilo sem esforço.
Seu figurinista disse que, uma noite, antes de ir embora, viu MJ ensaiando, sozinho, em uma sala cheia de espelhos ao seu redor. Ele observava seus movimentos de todos os ângulos, buscando alguma imperfeição e trabalhava para corrigi-la. Sozinho. Ele e seus espelhos.
Michael chegava sempre 45 minutos antes de todo mundo tanto nos ensaios quanto nos shows. Ensaiava 10 ou 12 vezes com o pessoal do balé e, enquanto todos estavam ofegantes, tentando se recuperar para subir no palco, MJ trocava a camiseta molhada de suor e ficava esperando pela equipe. Subia no palco e, como disse um de seus produtores, “virava o incrível Hulk”.
Ele já era um grande artista antes de Thriller, mas queria mais. Temia ser esquecido, então acreditou como nunca, trabalhou como nunca, investiu como nunca. Naquela época, os vídeo clips custavam, em média, 50 mil dólares, mas o que MJ idealizou para Thriller, passou de 1 milhão de dólares. Para a gravadora era um absurdo, para Michael era a chance de atingir seu objetivo. Ele convenceu quem tinha de ser convencido a investir nele, simplesmente, 20 vezes mais do que investiam em qualquer outro artista. Hoje sabemos que Thriller é o clip mais aclamado de todos os tempos.
E quanto à venda do álbum, ele errou. Não vendeu 30 milhões, vendeu 25 milhões, mas como nunca havia sido vendida uma quantidade dessas de discos, a gravadora lançou uma edição especial. Essa edição especial e o álbum original continuam vendendo e Thriller já bateu a casa dos 42,3 milhões, segundo o Wikipedia e é o álbum mais vendido do mundo até hoje.Ah, daí ele virou rei! Oops… nada disso, ainda não!
A MTV americana exibia o clip repetidamente e sempre anunciava MJ como “the glove boy” (o cara da luva). Quando Michael ouviu isso, disse a um de seus produtores:
Eles chamam o Bruce Springsteen de ‘chefe’, o Elvis de ‘rei do rock’ e eu sou ‘o cara da luva’? Me faça um favor: ligue na MTV e diga que, da próxima vez que se referirem a mim, eles devem dizer ‘Michael Jackson, o rei do pop, do rock e do soul.A MTV concordou, mas abreviou para “rei do pop”. Acho que já estava de bom tamanho, não?
Michael Jackson não nasceu rei do pop, ele se fez rei do pop. Com esforço, sacrifício, dedicação, criatividade e fé. Afinal, o que você acha que o levou a escrever aquela frase no espelho? Aliás, veja a tradução livre do refrão da música “Man in the mirror” (Homem no espelho), composta por Glen Ballard e Siedah Garrett:
Estou começando pelo homem no espelho
Estou pedindo para ele mudar seus costumes
E nenhuma mensagem poderia ter sido mais clara:
Se você quer fazer do mundo um lugar melhor
Olhe pra si mesmo e então mude
Pena que ele não mudou a tempo, mas você ainda pode!
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